sexta-feira, 25 de janeiro de 2013



Cepir reedita mostra e comemora Dia de Combate à Intolerância Religiosa



Em razão da Lei Municipal de nº 13.914/2010, que instituiu o dia 21 de janeiro como Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa, a Secretária Municipal de Cidadania, Assistência e Inclusão Social (SMCAIS), por meio da Coordenadoria Especial de Promoção a Igualdade Racial (Cepir), irá reabrir às 9h da próxima segunda-feira, dia 21, no Centro Campineiro de Memória Afro-brasileira, a exposição “Religiões Brasileiras de Matriz Africanas e suas Simbologias: Umbanda e Candomblé - Parte I”.
Segundo o coordenador da Cepir, Benedito José Paulino, o combate à discriminação se inicia com conhecimento, e por isso a reabertura da exposição. “O intuito é educativo, com um contexto histórico, contado desde o século XVI até o final do XIX. A mostra apresenta o navio negreiro, o trabalho escravo, trazendo esses homens e mulheres de diversas nações e grupos étnicos distintos. A cultura própria, as visões cosmológicas e religiosas também variadas e, então, a umbanda, o candomblé, os orixás e suas formas de cultos com o intuito das oferendas e o desenvolver dessas religiões em Campinas.” diz o coordenador.
A mostra fica aberta ao público em geral até o dia 31 de janeiro, das 9h às 17h, de segunda a sexta-feira, no Palácio da Mogiana, com entrada pela Avenida Campos Sales, nº 427.
Informativos S.O.S Discriminação
A Cepir é responsável pelas articulações e fiscalizações das políticas públicas voltadas à população negra de Campinas. A Coordenadoria apresenta algumas dicas com informações de como agir em caso de discriminação pela religião ou ausência dela. Embora, em alguns casos, seja difícil manter a calma e de imediato pensar no que deverá fazer para efetivar seu direito, o cidadão que sentir discriminado deverá:
- Anotar nome, endereço, telefone, do ofensor e das pessoas que presenciaram o ocorrido e também, detalhes do local onde aconteceu a discriminação.
- Dependendo da forma da discriminação deve-se ainda guardar documentos como nota fiscal, anúncio, propaganda, fotos, reportagens, que podem ajudar na hora de denunciar.
- Com as informações e eventuais documentos, deve-se ir à Delegacia de Polícia mais próxima do local onde ocorreu o fato ou de sua residência, para pedir que se faça um boletim de ocorrência (BO). Antes de sair da Delegacia, não esqueça de pedir uma cópia do BO.


Palmares realizará ato pela paz e direito a liberdade religiosa
No dia em que se celebra o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, 21 de janeiro, a Fundação Cultural Palmares realizará em São Paulo, um ato pela paz e pelo direito a liberdade de crença. Será um talk show com especialistas em religiosidade e cultura afro-brasileira. Além disso, a Fundação participará como apoiadora a uma cerimônia ecumênica com lideranças de diversas filosofias cristãs e de matriz africana, organizada pela Prefeitura de São Paulo.
O talk show será marcado pelas presenças do professor Samuel Gomes de Lima, da Associação Brasileira de Liberdade Religiosa e Cidadania (Ablirc), a doutora Damaris Moura Kuo, da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB), e Egbonmy Conceição Reis, do Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira (Intecab). Eles falarão sobre a constitucionalidade do direito de crença, tolerância e mobilização para o respeito entre os adeptos de diferentes religiões.
Os dois eventos acontecerão na região central de São Paulo. O talk show está agendado para às 15h na Rua Quitanda, n°162, Praça do Patriarca. Já a cerimônia está prevista para às 17h no Vale do Anhangabaú. Dela, participarão personalidades como Padre Marcelo Rossi (Igreja Católica), a cantora e deputada estadual Leci Brandão (Tradições de Matriz Africana) e a cantora Jamily (Igreja Evangélica).
Na sequencia, será inaugurada oficialmente a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial e haverá o anúncio da portaria que prevê a constituição de um Grupo de Trabalho para a criação do Fórum Inter-religioso do Estado. Para encerrar as celebrações, será promovido um show com Olodum e os grupos Art Popular, Samprazer e Katinguelê.
Reflexão – No mesmo dia, o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) do Rio de Janeiro realizará o seminário Caminhos para a liberdade religiosa, parte de um ciclo de debates que já passou por três cidades do estado. De acordo com Astrogildo Filho, um dos organizadores do evento, os seminários devem culminar em uma grande mobilização contra a intolerância religiosa, no dia 21 de janeiro de 2013.
Segundo ele, os temas discutidos nos eventos foram “liberdade de expressão” e “laicidade e o Estado”. Um dos resultados dos encontros foi a proposta de criação do Plano Nacional de Intolerância Religiosa. A preocupação das instituições e do Governo Federal em tratar da questão da religiosidade se dá por conta dos altos índices de intolerância. Somente no Facebook, em 2012, foram registrados 494 casos de agressão a adeptos de religiões não oficiais, segundo a ONG Safernet Brasil.
O seminário Caminhos para a liberdade religiosa acontecerá no Centro Cultural Justiça Federal e terá início às 9h30. O endereço do local é Avenida Rio Branco, n° 241, Cinelândia.
Pelo Brasil – Os povos tradicionais de terreiros de todo o país já se preparam para o Dia Nacional Contra a Intolerância Religiosa. Na Cinelândia, também no Rio de Janeiro, acontecerá a partir das 9h do dia 21, um ato ecumênico do qual participarão pessoas das mais diversas religiões. O ato trabalhará como tema a oposição a toda a forma de violência contra a manifestação religiosa pessoal ou coletiva, em um país onde a liberdade de expressão religiosa é garantida pela Constituição Federal.
No Rio Grande do Sul, as lideranças de terreiros se organizam para a V Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa que acontecerá em Porto Alegre a partir das 16h. Duas horas antes, o governador local assinará decreto que cria Grupo de Trabalho para a implementação do Conselho dos Povos de Terreiros e da Política de Promoção da Igualdade Racial do Estado.
Já no Pará, no dia 20, O Comitê Inter-religioso do Estado realizará o Ato de Combate a Intolerância Religiosa. O movimento acontecerá a partir das 9h no Anfiteatro da Praça da República. Em São Paulo, o Projeto Homospiritualis promoverá o Fórum Permanente de Educação, Cultura de Paz e Tolerância Religiosa, que também está previsto para o domingo.


Sou ateu e mereço o mesmo respeito que tenho pelos religiosos.A humanidade inteira segue uma religião ou crê em algum ser ou fenômeno transcendental que dê sentido à existência. Os que não sentem necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos são tão poucos que parecem extraterrestres.Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, ao que tudo indica só o homem faz conjecturas sobre o destino depois da morte. A possibilidade de que a última batida do coração decrete o fim do espetáculo é aterradora. Do medo e do inconformismo gerado por ela, nasce a tendência a acreditar que somos eternos, caso único entre os seres vivos.Todos os povos que deixaram registros manifestaram a crença de que sobreviveriam à decomposição de seus corpos. Para atender esse desejo, o imaginário humano criou uma infinidade de deuses e paraísos celestiais.Jamais faltaram, entretanto, mulheres e homens avessos à interferências mágicas em assuntos terrenos. Perseguidos e assassinados no passado, para eles a vida eterna não faz sentido. Não se trata de opção ideológica: o ateu não acredita simplesmente porque não consegue. O mesmo mecanismo intelectual que leva alguém a crer leva outro a desacreditar.Os religiosos que têm dificuldade para entender como alguém pode discordar de sua cosmovisão, devem pensar que eles também são ateus quando confrontados com crenças alheias.Que sentido tem para um protestante a reverência que o hindu faz diante da estátua de uma vaca dourada? Ou a oração do muçulmano voltado para Meca? Ou o espírita que afirma ser a reencarnação de Alexandre, o Grande? Para hindus, muçulmanos e espíritas esse cristão não seria ateu?Na realidade, a religião do próximo não passa de um amontoado de falsidades e superstições. Não é o que pensa o evangélico na encruzilhada, quando vê as velas e o galo preto? Ou o judeu quando encontra um católico ajoelhado aos pés da virgem imaculada que teria dado à luz ao filho do Senhor? Ou o politeísta, ao ouvir que não há milhares, mas um único Deus?Quantas tragédias foram desencadeadas pela intolerância dos que não admitem princípios religiosos diferentes dos seus? Quantos acusados de hereges ou infiéis perderam a vida?O ateu desperta a ira dos fanáticos, porque aceitá-lo como ser pensante obriga-os a questionar suas próprias convicções. Não é outra a razão que os fez apropriar-se indevidamente das melhores qualidades humanas e atribuir as demais às tentações do diabo. Generosidade, solidariedade, compaixão e amor ao próximo constituem reserva de mercado dos tementes a Deus, embora em nome d’Ele sejam cometidas as piores atrocidades.Os pastores milagreiros da TV, que tomam dinheiro dos pobres, são tolerados porque o fazem em nome de Cristo. O menino que explode com a bomba no supermercado desperta admiração entre seus pares, porque obedeceria aos desígnios do Profeta. Fossem ateus seriam considerados mensageiros de satanás.Ajudamos um estranho caído na rua, damos gorjetas em restaurantes nos quais nunca voltaremos e fazemos doações para crianças desconhecidas, não para agradar a Deus, mas porque cooperação mútua e altruísmo recíproco fazem parte do repertório comportamental não apenas do homem, mas de gorilas, hienas, leoas, formigas e muitos outros, como demonstraram os etologistas.O fervor religioso é uma arma assustadora, sempre disposta a disparar contra os que pensam de modo diverso. Em vez de unir, ele divide a sociedade — quando não semeia o ódio que leva às perseguições e aos massacres.Para o crente, os ateus são desprezíveis, desprovidos de princípios morais, materialistas, incapazes de um gesto de compaixão, preconceito que explica por que tantos fingem crer no que julgam absurdo.Fui educado para respeitar as crenças de todos, por mais bizarras que a mim pareçam. Se a religião ajuda uma pessoa a enfrentar suas contradições existenciais, seja bem-vinda, desde que não a torne intolerante, autoritária ou violenta.Quanto aos religiosos, leitor, não os considero iluminados nem crédulos, superiores ou inferiores, os anos me ensinaram a julgar os homens por suas ações, não pelas convicções que apregoam.

                                                                                                                - Drauzio Varella